acabei de terminar um livro essa manhã (e só isso já considero uma vitória, porque quase todos os meus livros ficam com a parte final pra depois e esse depois nunca chega). me deparei com um trecho em que o autor fala sobre vivermos em uma sociedade do esgotamento, resultado direto de uma cultura do desempenho que nós mesmos alimentamos.
fiquei pensando nisso agora cedo e percebi o quanto isso me define no momento. é estranho perceber que o meu próprio esgotamento vem da busca por desempenho que eu mesmo imponho a mim. quero ser bom em tudo, e não pra ser melhor que alguém, mas pra provar pra mim mesmo que sou capaz, ou melhor, que eu preciso ser capaz.
tenho conversado com amigos próximos sobre como, nos últimos anos, comecei até a esquecer quantos anos tenho. às vezes me perguntam e eu travo. não sei se são 32, 33 ou 34. junto disso, veio um medo constante da morte (sim amigos, de morrer). medo de não ver o crescimento da mari, de não viver os planos que eu e a bruna ainda temos. e aà me vejo obcecado por manter minha saúde, minha performance, sempre em evolução, especialmente nos esportes que pratico.
mas esse peso se espalha pra tudo: no meu trabalho, em casa, na minha igreja, nas amizades, na famÃlia... e eu tento ser o melhor em cada papel, mas acabo me frustrando. os dias passam rápido, e eu sigo com a sensação de que tô sempre deixando alguma bolinha do malabarismo cair no chão.
essa cultura do desempenho me consome. traz cansaço, falta de vontade e uma cobrança constante. é um ciclo que parece não ter pausa. e então vem a pergunta: como sair disso? você também sente esse medo, essa cobrança, esse vazio? parece que estou tentando manter algo que inevitavelmente vai me desgastar e a conta vai chegar.
no meu caso, tenho tentado tirar o pé. e sim, é difÃcil pra mim. é difÃcil desacelerar. como cristão, tento entregar o controle pra quem acredito realmente ter o controle. ainda é um processo, porque a minha mente insiste em achar que tudo depende só de mim. mas eu sigo tentando confiar, respirar e colocar a esperança onde ela precisa estar.
porque ainda há muito pra viver, planejar e, por que não, realizar.