comunidades - fazem - vendem - constroem - aprendem - desenvolvem - competem - coopetem - ensinam - colaboram - são escolas, casas, fábricas, cidades, figitais...
Nesse texto vamos falar das comunidades contemporâneas, na verdade, das próximas comunidades contemporâneas, as comunidades figitais. Uma tendência comportamental onde o espaço físico é expandido e habilitado pelo digital, mas orquestrado e habitado pelo social, pelas pessoas.
aprender vivendo
Nas primeiras formações de comunidades, a aprendizagem era para a vida e através da vida. Para aprender a usar arcos e flexas, a criança caçava. Aprender tinha um significado contextual, sentido. O conceito de aprender estava totalmente relacionado com fazer parte da comunidade. Engajamento era não só parte do processo, era o processo.
Era uma vez um jovem de uma comunidade primitiva. Todos os dias, ele e seus amigos acordavam muito cedo para participar das atividades do dia a dia da comunidade. Pescar, caçar, alimentar a comunidade eram parte de suas rotinas.
No contato com os mais velhos se aprendia, a partir de suas histórias e das suas ações. Preparar os equipamentos utilizados para pescar eram parte da transferência de conhecimento. Os mais jovens aprendiam copiando os movimentos dos mais velhos e ouvindo o que contavam uns aos outros. Com alguma frequência, descobriam novas formas de fazer as mesmas coisas, e coisas novas para fazer.
Nas comunidades primitivas, os desafios eram parte permanente do processo de aprendizado, porque eram, estruturalmente, parte do problema de sobrevivência.
aprender sobrevivendo
No Brasil adotamos o termo comunidade para fazer referência aos agrupamentos de pessoas que vivem em espaços onde o Estado não está presente ou onde tem dificuldades estruturais e conjunturais de manter uma presença ubíqua e sustentável.
Os desafios, nessas comunidades, é muito maior – talvez por ordens de magnitude - do que em outros espaços-tempos sócio-econômicos onde as infraestruturas e serviços públicos, e por causa deles, as privadas, estão resolvidas. Quando o presente está resolvido, as pessoas podem pensar no futuro. Mas não nas nossas comunidades.
Nas comunidades, sobreviver é uma ação em rede. O desafio fundamental é de se articular e, como nas primeiras comunidades, se engajar, e participar dos -quando não criar os- espaços onde as pessoas se articulam, se organizam para colaborar no fazer, vender, construir, aprender, pensar, ensinar, sobreviver apesar da ausência, quando não, abandono do Estado.