Associa-se o ambiente profissional e de negócios à rapidez e a aceleração continua. A velha dobradinha da eficácia e eficiência em cálculos e equações que contabilizam o tempo da vida e todos os "recursos" como um fluxo de trocas chamado dinheiro. Uma forma de referência que permite que a energia das interações se acumulem e se tornem liquidas. Fazer mais com menos... é estar num misto de corrida-maluca e dança-das-cadeiras infinito... que exclui pessoas, concentra riquezas e consome a tudo: a Natureza (a flora, a fauna, os oceanos, os rios, o ar), os afetos, o bem viver e a própria paz.

No estilo de vida contemporâneo somos condicionados a aceitar que a escassez rege nossa vida em múltiplas dimensões. Vivemos uma vida muito mais confortável que a 200 anos atrás e, mesmo para quem faz parte dos grupos materialmente mais abastados do planeta, ainda não há satisfação e felicidade.

Há sempre algo a mais, algo novo para desejar.

Esse desejo existe intrinsecamente na condição humana. O modo de produzir e consumir que se organizou após a revolução industrial apenas se serve dessa nossa insatisfação inata para girar uma maquina chamada economia. Uma economia baseada na irresponsabilidade sobre os efeitos indesejados da produção e do consumo (lixo, poluição, substituição sistemática do trabalho humano pelo da máquina, endividamento), no culto ao descartável e na obsolescência programada (quando o produto chega ao mercado, um sucessor já está para entrar na linha de produção para o novo ciclo).

As tradições filosóficas e espirituais da antiguidade há muito se dedicaram a oferecer ferramentas para trabalharmos essa questão do desejo: a desaceleração. A contemplação da interconexão e interdependência de tudo que existe; a compreensão de que somos parte da Natureza (e não os mestres da natureza), a nos fazer perceber que devemos conhecer a natureza da nossa mente e sermos cuidadosos e responsáveis pelas nossas escolhas: pensamentos, palavras, relacionamentos e criações.

O segredo está em desacelerar. Ir devagar.

O movimento Slow is Beautiful e Slow Management abraça causas como trocas justas, responsabilidade socioambiental, consumo local, economia circular, consumo colaborativo, agricultura familiar, a valorização da cultura local.