Bem-vindos ao Diário Digital de Bordo do projeto "Angústia".
Este projeto nasce da minha vontade em explorar criativamente a interseção entre tecnologia emergente e expressão artística, mais concretamente através da utilização da Inteligência Artificial (IA) Generativa na documentação audiovisual de estados emocionais subjetivos. O ponto de partida para esta exploração foi a leitura da obra "O conceito de angústia", de Søren Kierkegaard, que me inspirou profundamente a investigar formas visuais e narrativas para representar este complexo sentimento existencial.
O desenvolvimento deste projeto enquadra-se nos meus estudos para a tese de doutoramento em Média-Arte Digital, realizada na Universidade Aberta e na Universidade do Algarve. A minha tese, intitulada "Lentes e Likes: A Videoarte e as Redes Sociais na Cultura Imaterial do Alto Alentejo", tem como objetivo central analisar como artefactos de média-arte digital, especialmente no formato de videoarte-documentário, podem desempenhar um papel crucial na conservação e promoção do património cultural imaterial das pequenas comunidades. Exploro também o uso estratégico das redes sociais como plataformas vitais para a disseminação cultural e o associativismo cultural como elemento impulsionador neste processo.
Na criação da curta-metragem "Angústia", adotei uma abordagem metodológica híbrida, combinando a autoetnografia, que coloca as minhas vivências e reflexões pessoais no centro do processo criativo, com uma perspetiva fenomenológica, focada na experiência sensorial e emocional proporcionada pela interação com as ferramentas de IA Generativa. Em particular, utilizei o ChatGPT e o modelo Sora, ferramentas que se revelaram parceiras criativas valiosas, capazes de ampliar e desafiar o meu próprio repertório estético e conceptual.
O método escolhido para estruturar todo este percurso foi a a/r/cografia, uma metodologia que privilegia a natureza iterativa e não linear do processo criativo. Este Diário Digital de Bordo assume um papel central nesta abordagem, servindo como registo contínuo e sistemático das várias etapas e decisões do projeto, desde a inspiração inicial até à fase final de intervenção. Além de um espaço para documentação rigorosa, o Diário é também um lugar para reflexão crítica e introspeção sobre os desafios, frustrações e descobertas do caminho percorrido.
Neste Diário, partilharei as experiências práticas, teóricas e emocionais envolvidas na construção da curta-metragem, assim como as reflexões sobre o impacto da Inteligência Artificial na minha prática artística e na forma como compreendo e exploro a subjetividade humana.
Convido-vos a acompanhar-me nesta viagem exploratória, onde a tecnologia e a sensibilidade artística se encontram para dar vida ao sentimento profundo e inquietante da angústia.
O método a/r/cográfico, criado por Pedro Alves da Veiga, é uma metodologia inovadora direcionada para a investigação-criação em média-arte digital, que articula as áreas de Arte, Investigação e Comunicação. Trata-se de uma metodologia aberta e flexível que promove uma interação dinâmica entre o processo criativo e a reflexão teórica, num ciclo iterativo, contínuo e não-linear.
Este método organiza-se em sete etapas fundamentais: