O design avaliativo molda o processo pedagógico. A organização de cursos online baseados em princípios sócioconstrutivistas exige, de acordo com Gomes (2009), "formas e instrumentos alternativos de avaliação, que nos permitam ter evidências do percurso realizado e das competências desenvolvidas"(p.1682). Sendo a verificação da identidade dos estudantes uma das dificuldades da avaliação online, a estratégia para contornar essa questão passa, citando Gomes (2009), por "estabelecer uma relação de conhecimento e construir um "perfil" de cada participante de um curso/formação a distância"(p.1679), para o que é fundamental o acompanhamento dos processos de aprendizagem, a interação frequente professor-aluno e a diversificação das estratégias de avaliação.
Pereira, et al (2015) propõem o conceito de estratégia de avaliação alternativa digital, como alternativa à avaliação na sua perspetiva behaviorista e tecnicista e de forma a ultrapassar a cultura avaliativa do teste. Assim, procuramos incorporar uma avaliação edumétrica e holística no design de avaliação desta formação, mais especificamente no Módulo I, redirecionando a nossa ação avaliativa para uma perspetiva sócioconstrutivista, com recurso às tecnologias digitais e recorrendo-nos de uma variedade de atividades e ferramentas. Ferramentas e atividades estas que, como propõe Amante, et al (2017), se focam na aprendizagem do formando, proporcionando várias e diferentes formas de interação, principalmente uma interação colaborativa.
Recorda-se que a ação colaborativa é uma competência que necessita ser trabalhada para ser assimilada, conforme afirmam Swan, et al (2006). Assim, as estratégias e atividades propostas para este módulo de formação procuram desenvolver essa competência, bem como outras, onde se incluem, também, as competências digitais.
Nem sempre é fácil conjugar uma avaliação alternativa digital, que permita desenvolver competências para a vida e para o quotidiano, com as exigências institucionais, normalmente direciondas para uma cultura de avaliação métrica. Mas, conforme Amante, et al (2018), a planificação das atividades de ensino em simultâneo com o desenho do processo avaliativo permite a criação, por parte do professor/ formador, de um instrumento orientador que lhe permite dar resposta às diferentes necessidades e exigências avaliativas.
Na estruturação deste módulo de formação foi este o nosso ponto norteador, as atividades e instrumentos de avaliação foram construídos sincronamente. Optou-se por um processo avaliativo planeado seguindo o Modelo PraCT (Praticabilidade, Autenticidade, Consistência, Transparência). Este, permite que seja considerada a avaliação de competências em contextos de eLearning formais ou informais. Para Amante (2017), as diversas realizações do estudante implicam a participação em atividades mediadas pelas tecnologias (como por exemplo e-portefólio, relatório digital, participação em fórum), quer a tarefa seja realizada no computador, na web, ou com o recurso à web, ou recorrendo a dispositivos eletrónicos como tablets, smartphones, câmaras digitais, etc. A componente de feedback inclui não só os comentários do professor ou tutor, como também a auto e a heteroavaliação por parte dos estudantes.
Assim, neste modelo, a dimensão da praticabilidade relaciona-se com a exequibilidade da estratégia de avaliação digital, considerando uma gestão efetiva do tempo e um equilíbrio entre custo e benefício, para os avaliadores e as instituições, e com a perceção dos formandos sobre a exequibilidade das tarefa. As tarefas propostas tiveram em consideração os custos de tempo, para avaliadores e estudantes, optando-se por tarefas exequíveis, que nos parecem simples e que, com recurso às rubricas construídas, facilmente serão avaliadas.
Contudo, continua-se a garantir a eficiência das tarefas, pois, as mesmas foram escolhidas de forma a serem garantidos os resultados esperados previstos, e a sua sustentabilidade, optando-se por tarefas que vão de encontro ao perfil dos formandos, passiveis de realizar no seu contexto real.
Quanto à dimensão de autenticidade, esta relaciona-se com a proximidade entre as competências a desenvolver e serem avaliadas e as competências necessárias na vida quotidiana, quer seja pessoal, social ou profissional, esperando-se que exista uma correlação entre ambas. Assim, denota-se uma similitude entre as competências a desenvolver com as competências necessárias no quotidiano profissional dos formandos, as tarefas propostas não possuem um elevado nível de complexidade, possibilitando diferentes soluções, tal como acontece na vida real. Por outro lado, procurou-se que o tempo disponibilizado para a realização de cada a tarefa fosse adequado à sua complexidade, procurando demonstrar a significância das mesmas, através da explicitação das tarefas de avaliação e as necessidades de aprendizagem.
A consistência é uma dimensão que resulta da necessidade em dar resposta às tradicionais exigências de validade e fiabilidade, tal como exigido através de indicadores psicométricos. Assim, optou-se pelo recurso a vários métodos de avaliação, em diferentes contextos, bem como por diferentes avaliadores. As tarefas de avaliação encontram-se alinhadas com o trabalho desenvolvido, recorrendo-se a uma multiplicidade de indicadores, usando diferentes métodos de avaliação, como já referido. Assim, a autoavaliação, a avaliação por pares e a avaliação do professor são utilizados em momentos distintos ao longo do curso. Neste sentido, foram desenvolvidos critérios relevantes na avaliação das competências, sendo que essas mesmas competências a desenvolver se encontram alinhadas com o desenho de avaliação usado.
Por fim, a transparência corresponde à noção de que a estratégia de avaliação digital é compreendida por todos os intervenientes na formação. Por tal, todo o desenho da avaliação, bem como as rubricas são disponibilizadas aos formandos. Idealmente, tais rubricas deveriam ser passíveis de alteração, num sentido democrático da formação. Contudo, compreendemos que nem todo o desenho pode ser submetido a discussão. No entanto, até certa medida, os formandos serão envolvidos na discussão de alguns aspetos. O resultado dos seus processos de aprendizagem e produtos serão partilhados, quer na plataforma onde decorrerá o curso, bem como também o poderão ser através dos seus e-portefólios. Assim, procura-se que o desenho da avaliação tenha um impacto positivo na aprendizagem dos formandos, principalmente através do feedbak.
Desta forma, procuramos que desenvolver um design avaliativo que contribua para uma cultura de avaliação alternativa online, em oposição à cultura de teste, que evidência as competências adquiridas pelos alunos. De notar que, conforme sustentam Pereira, et al (2015), as tarefas avaliativas propostas apresentam-se com valor formativo, mas também com vista à avaliação sumativa, sendo que distinguir e usar instrumentos diferenciados para cada tipo de avaliação, poderia colocar em causa a praticabilidade da mesma.
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