⠀⠀⠀O dia começou bem para Nathaniel, ou começaria se não fosse pelo fato de receber mais uma vez a ligação de sua irmã, Ambre, perguntando se estava bem após a notícia de seus pais.
⠀⠀⠀Se dependesse dele, com certeza não precisaria mais depender financeiramente deles, mas infelizmente ele acreditou neles sobre "tentarem ser melhores" após a emancipação. Depois alguns meses eles voltaram ao que eram sobre serem totalmente controladores.
⠀⠀⠀— Nathaniel, eu tentei falar com o papai que era uma decisão injusta! Mas ele não deu a mínima! — Ambre falava chateada com seu pai, e Nathaniel sabia que Ambre faria o possível para manter sua família, ou melhor dizendo, seu irmão unido a ela.
⠀⠀⠀— Não se preocupa com isso. Eu já esperava isso acontecendo alguma hora, o pai só queria uma desculpa qualquer para "cortas mais gastos" — ele dizia aquilo ainda se despertando naquela manhã. Estava cansado de fato.
⠀⠀⠀Era por volta das 9 horas ainda, e seu turno trabalhando por meio período era por volta da tarde. Nathaniel já estava pensando que não daria conta de manter aquele apartamento só com o que recebia, por isso aceitava a ajuda de seus pais até depois do encerramento do colegial.
⠀⠀⠀— Qualquer coisa eu posso ajudar, você sabe. O papai nem vai saber, Nath! Tenho alguns trabalhos como modelo de uma marca famosa esse ano.
⠀⠀⠀— Não precisa, guarda esse dinheiro para você, Ambre. Eu dou meu jeito, não se preocupe.
⠀⠀⠀Após encerrar a ligação, Nathaniel só fez deitar em sua cama uma última vez antes de ir resolver esse problema que brotou em seu colo, uma verdadeira bomba relógio na cabeça dele. A gatinha, Branca, apareceu num pulo na cama dele para receber aconchego nos lençóis e o loiro a pegou para dar vários beijinhos nela, podendo ouvir os meados dela, fazendo-o sorrir brevemente.
⠀⠀⠀— Só você pra me ajudar, Branquinha... ⠀⠀⠀Disse baixo para o pet, e logo a deixou na cama para se levantar e começar as ligações aos conhecidos antes de seu trabalho. Ele queria sair dali o quanto antes daquele apartamento.
⠀⠀⠀
⠀⠀⠀ ⠀⠀⠀Já era meio dia e Nathaniel estava no ônibus que o levava até seu trabalho em uma cafeteria, e até agora mexendo em seu celular não tinha ninguém em condições de dividir a casa com ele. Ele sabe que era muito repentino, mas não tinha muita escolha por enquanto a não ser deixar de morar naquele local caro da cidade e morar com um de seus colegas da época da Sweet Amores. Seria provisório até arranjar um salário melhor, mas mesmo assim estava sendo difícil.
⠀⠀⠀— Rosa, você tem certeza? Fala pro seu namorado que é temporário.
⠀⠀⠀— Você sabe como ele é. Ele é muito tímido, dificilmente diria não mas em nosso apartamento não aceitam animais. E isso atrapalharia o trabalho dele também.
⠀⠀⠀Infelizmente Nathaniel concordava que sua filha de quatro patas seria uma questão a ser levada em consideração. Mas ele não desistiria.
⠀⠀⠀— Você pelo menos sabe alguém que tem como acolher eu e a Branca? Eu posso ajudar com as despesas. Vou tentar arranjar mais um emprego.
⠀⠀⠀— Eu... Vou ver pra você se encontro alguém disposto. Te mando mensagem se achar.
⠀⠀⠀— Tudo bem, Rosa. Tchau, vou desligar. Tô indo trabalhar.
⠀⠀⠀— Tchau e bom trabalho.