A newsletter de hoje foi inspirada em dois fios do twitter da fofa e muito inteligente Roberta Duarte. Em abril ela fez uma explicação detalhada sobre a inexistência do rosa, apontando ele como uma ilusão da nossa mente (assim como todas as cores, ela mesma diz). Em novembro ela retomou o assunto, re-explicando, de forma mais resumida.

“Mas, pera aí, como assim a inexistência do rosa?” Pois é. Nos fios a Roberta chega a essa conclusão já que não há um comprimento de onda eletromagnética que represente diretamente a cor rosa.

Particularmente acho que o twitter não permite que algumas coisas sejam melhores exploradas e acho que todas as minhas críticas ao fio dela se devem a isso. Não deixem de ler, são bons. Mas na news de hoje eu vou dar meus dois centavos sobre toda essa história.

(Peço desculpas pelo tamanho. Me empolguei.)

Se você já sabe o que é uma onda eletromagnética, pode pular a seção de ondas eletromagnéticas :)

Sabores de ondas eletromagnéticas

Pra começar direitinho eu acho que vale explicar uma das partes fundamentais do fenômeno da cor: a luz. Sem luz não tem cor e daí não tem nem porquê ter essa conversa. Gostamos de chamar de luz algumas ondas eletromagnéticas, em especial as que podemos ver.

Ondas eletromagnéticas são um jeito muito legal da energia se transportar pelo espaço. Energia? você pode se perguntar, o que é energia? Para não me alongar nesse texto, vou apenas conceituar energia como o troço físico que faz as coisas acontecerem. Você dá energia para um sistema (um gás, um carrinho, uma célula) e esse sistema **muda ****(expande, se movimenta, se divide, sei lá).

Ondas eletromagnéticas são um parzinho, um campo elétrico viaja junto com um campo magnético. Num formato de onda desses que a gente pode imaginar bem, aquele sobe e desce contínuo. O quanto de sobe e desce existe num segundo de onda é o que chamamos de frequência. A distância entre dois picos dessa onda é o comprimento de onda. E essas duas grandezas estão ligadas por uma terceira, a velocidade, que no caso é justamente a famosíssima velocidade da luz. A relação é: a velocidade é igual à frequência vezes o comprimento de onda.

Não quero ficar metendo equação aqui. Mas só apontei isso pra dizer que quanto mais sobe-e-desce em um segundo mais curtinho vai ficar o espaço entre dois picos, ou seja, quanto maior a frequência menor o comprimento de onda.

O parzinho comprimento de onda-frequência está, então, intimamente ligado. Quando um muda, o outro também muda. E uma onda eletromagnética é caracterizada pela sua frequência. Ou pelo seu comprimento de onda. Afinal, cada par desses é único.

É como se o comprimento de onda (ou a frequência) fosse nos dar o sabor da onda eletromagnética. Mostrar a personalidade daquela onda. Porque ela é diferente das outras. Alguns inclusive poderiam dizer que é a cor.

Usando essa suposta definição de cor, no entanto, eu teria que ser muito desanimadora: existem mais cores invisíveis que cores visíveis.

O que chamamos de espectro eletromagnético é uma espécie de conjunto de todas as frequências/comprimentos de onda que uma onda eletromagnética por ter. Chamamos de espectro visível o pedacinho que o nosso olho consegue enxergar.

Com ondas podendo ter alguns milésimos de nanômetros até dezenas de metros entre um pico e outro, a variedade é imensa. Só vemos um pedaço muito muito muito pequeno, entre 400 nm e 700 nm. (lembrando que nm - nanometro é o mesmo que pegar um mm e dividir em 1000 pedacinhos, e daí pegar um pedacinho desses)

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Alt-text: Diagrama representativo do espectro eletromagnético. Na parte de cima uma espécie de régua cinza em escala logaritmica, variando de 10 elevado a -16 a 10 elevado a 8 m. Essa régua, um retângulo alongado, está separada em regiões: Raios gama, raios X, UV, Visível, IV, Microondas, FM, AM, Ondas de rádio longas.

O trecho do visível, entre UV e IV, é significativamente mais estreito que os outros trechos, sendo uma faixa bem fininha. O espectro visível está ampliado na parte inferior, com comprimentos de onda entre 400 e 700 nm, as cores vão variando gradativamente entre: roxo, azul, verde, amarelo, laranja e vermelho.

Legenda: Onde o visível se encaixa no espectro eletromagnético. Pouquinho, né?

Vendo coloridão